A CGTP-IN e a Falta de Médicos Nas Urgências Hospitalares

 A propósito da falta de médicos em determinadas especialidades nas urgências hospitalares e os meios financeiros que esta situação acarreta para o SNS, a CGTP-IN não pode deixar de considerar escandalosa a situação, ainda por cima porque ocorre já há algum tempo, sem que o Governo tome medidas.

Comunicado de Imprensa n.º046/08         

 

A CGTP-IN e a falta de médicos nas urgências hospitalares

 

 

A propósito da falta de médicos em determinadas especialidades nas urgências hospitalares e os meios financeiros que esta situação acarreta para o SNS, a CGTP-IN não pode deixar de considerar escandalosa a situação, ainda por cima porque ocorre já há algum tempo, sem que o Governo tome medidas.

 

Como também já começa a ser comum a contratação de equipas para as urgências, através de empresas de trabalho temporário, o que não deixa de ser inquietante para a qualidade dos serviços prestados.

 

Tudo isto, não acontece por acaso, é consequência das políticas seguidas há alguns anos contra o serviço público de saúde e continuadas pelo actual Governo. Acontece porque o sector privado de saúde, no nosso país, tem já uma representação bastante significativa e a maioria destas unidades de saúde, como é sabido, pertencem a grupos financeiros.

 

Dada a dimensão do País por um lado, e às dificuldades económicas da maior parte da população, por outro, este sector económico assenta no Estado, ou seja, o seu desenvolvimento e rentabilidade, tem como trave mestra a prestação de serviços ao Serviço Nacional de Saúde e sub-sistemas, como o caso da ADSE.

 

Por um lado, como a CGTP-IN já tinha referido, é preocupante a saída de profissionais qualificados do SNS, nomeadamente médicos de diversas especialidades, para o sector privado, o que está a criar bastantes constrangimentos no serviço público.

 

Tudo isto se baseia em diplomas produzidos pelo Governo que facilitam este estado de coisas. O que levou já a própria Ministra da Saúde a dizer que a situação é preocupante e que tinha de se tomar medidas. Mas que medidas?

 

Por outro lado, é ao Governo que cabe definir as metas de formação e a colocação dos profissionais de saúde nos serviços públicos.

 

A CGTP-IN já referiu, por diversas vezes, a necessidade de um plano estratégico de formação de profissionais de saúde para eliminar os reconhecidos défices e desequilíbrios existentes e, nalgumas especialidades, tem de se reconhecer que o futuro é muito sombrio se não se tomar medidas urgentes.

 

Não se pode deixar de referir ainda que as políticas sociais do Governo têm sido marcadas por restrições financeiras, o que tem conduzido a pesados sacrifícios para os trabalhadores e populações.

 

Na área da saúde tem-se sentido bem essa conduta da acção governativa: fecharam unidades de saúde; serviços de urgência; maternidades; concentraram-se serviços.

 

A dificuldade de acesso a muitas especialidades clínicas e outras restrições existentes no SNS é devido, em muito, à empresarialização dos hospitais, onde a visão económica é colocada à frente dos interesses dos utentes.

 

É um facto que com as restrições impostas pelo Governo no SNS, quem lucra claramente é o sector privado, que cada vez menos tem um papel complementar. O que não deixa de representar uma gravidade para a população em geral.

 

Para a CGTP-IN importa, urgentemente, inverter a política de saúde seguida, impõe-se revitalizar e investir no S.N.S. para todos os cidadãos e priorizar a promoção da saúde e a prevenção da doença.

 

DIF/CGTP-IN

Lisboa, 8.09.2008